terça-feira, 31 de maio de 2011

Trovoa (Poema besta que eu gostei muito)


Dias de domingo precisam de aditivos. Não do tipo "poesia, poema, hai-kai, essas coisas...". Longe disso, carajo! São outras coisas mais vívidas e vivíveis. Mas enfim, me encontrei com essas palavras na esquina da sonolência e elas me pegaram pelos ouvidos, boca, nariz e outros cantos... até que estou aqui, co

mpartilhando elas; essas palavras que contam histórias alheias e ao mesmo tempo tão minhas. Não, acho que nem tão minhas. Mas alguma coisa me fez ler e reler Trovoa essa noite. (Acabo de desconfiar que é esse verbo que sempre me deixou na duvida; trovoar ou trovejar? Chegarei ao fim do domingo chuvoso sem saber (dispenso google), mas trovoando no céu e em mim.

E isso me faz sorrir agora, ora bolas!)

VIVA!

(Itálicos do poema = intervenções minhas)



-

Trovoa


Minha cabeça trovoa

sob meu peito te trovo

e me ajoelho

destino canções pros teus olhos vermelhos

flores vermelhas, vênus, bônus

tudo o que me for possível

ou menos

(mais ou menos)

me entrego, ofereço (me ofereço)

reverencio a tua beleza

física também

mas não só

não só

graças a Deus você existe (eu diria graças aos deuses)

acho que eu teria um troço

se você dissesse que não tem negócio

te ergo com as mãos

sorrio mal

mal sorrio

meus olhos fechados te acossam

fora de órbita

descabelada

diva

súbita

súbita…

seja meiga, seja objetiva

seja faca na manteiga

pressinto como você chega ligeira

vasculhando a minha tralha

bagunçando a minha cabeça

metralhando na quinquilharia

que carrego comigo

(clipes, grampos, tônicos):

toda a dureza incrível do meu coração

feita em pedaços…

minha cabeça trovoa

sob teu peito eu encontro

a calmaria e o silêncio

no portão da tua casa no bairro

famílias assistem tevê

(eu não) (nem eu)

às 8 da noite

eu fumo um marlboro na rua como todo mundo

e como você

eu sei.

Quer dizer

eu acho que sei…

eu acho que sei…

vou sossegado e assobio

e é porque eu confio em teu carinho

mesmo que ele venha num tapa

e caminho a pé pelas ruas da Lapa

(logo cedo, vapor… acredita?)

a fuligem me ofusca

a friagem me cutuca

nascer do sol visto da Vila Ipojuca

o aço fino da navalha me faz a barba

o aço frio do metrô

o halo fino da tua presença

sozinha na padoca em Santa Cecília

no meio da tarde

soluça, quer dizer, relembra

batucando com as unhas coloridas

na borda de um copo de cerveja

resmunga quando vêque ganha chicletes de troco

lembrando que um dia eu falei

“sabe, você tá tão chique

meio freak, anos 70

fique

fica comigo

se você for embora eu

vou virar mendigo

eu não sirvo pra nada

não vou ser teu amigo

fique, fica comigo…”

minha cabeça trovoa

sob teu manto me entrego

ao desafio de te dar um beijo

entender o teu desejo

me atirar pros teus peitos

meu amor é imenso

maior do que penso

é denso

espessa nuvem de incenso de perfume intenso

e o simples ato de cheirar-te

me cheira a arte

me leva a Marte

a qualquer parte

a parte que ativa a química

química…

ignora a mímicae a educação física

só se abastece de mágica

explode uma garrafa térmica

por sobre as mesas de fórmica

de um salão de cerâmica

onde soem os cânticos

convicção monogâmica

deslocamento atômico

para um instante único

em que o poema mais lírico

se mostre a coisa mais lógica

e se abraçar com força descomunal

até que os braços queiram arrebentar

toda a defesa que hoje possa existir

e por acaso queira nos afastar

esse momento tão pequeno e gentil

e a beleza que ele pode abrigar

querida, nunca mais se deixe esquecer

onde nasce e mora todo o amor



(Maurício Pereira)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

E o mundo não se acabou...


Depois de dias e dias de muita chuva e caos, ontem, 1° dia de sol depois de tanta chuva, no fim da tarde surge o super boato de que recife ia passar pelo mesmo caos de 1975 (quando foram de água à baixo todos os discos de Paebiru!). Às 5 da tarde, ninguem mais trabalhava, aula não se tinha mais e todo mundo estava no trânsito fudido querendo chegar em casa. Saimos de moto (porque carro era impossível) para ver o caos na cidade. Bem, estava caótico....muito caótico! Mesmo sem um pingo de chuva no asfalto e céu limpo, muitas ruas estavam alagadas. Muitos carros de polícia nas ruas, que junto das ambulâncias (ambos com sirenes ligadas), faziam com que aquela cena parecesse cena do Independece Day. Mas logo vimos que o Capibaribe estava normal. Fomos então à praia, ver quão cheia estava a maré (a promessa era de que ás 18hs a maré ia encher muito e fudê com tudo). Chegamos e a maré ja tava recuando. Sentamos na praia, Jah sentou do nosso lado pra assistir ao futebol que rolava do nosso outro lado e até que fim, ele nos disse que era tudo boato, que não tinha porque tanto desespero. Ficamos nós dois e Jah, rindo, rindo daquelas pessoas "vestidas de chuva" e medo. Não que rir disso seja divertido. Mas na volta pra casa, por volta das 21.30, a cidade estava deserta. Todo mundo em casa (provavelmente vendo noticiário ou ajoelhado a rezar), e a gente na rua, rindo tomando água de côco em BV, e se divertindo com o clima de "vale tudo no fim do mundo".

A câmera que levamos para filmar o caos instalado, só filmou a agitada orla de Brasília teimosa e o agitado futebol na praia.

Chegando em casa ainda havia a promessa de chover cerca de 110milímetros durante a noite (e isso seria o fim da tal barragem de Tapacurá). Mas novamente Jah disse que daria o recado à Iansã, Iemanjá, São Pedro e quem mais controla essas coisas.


"Don't worry about a thing,
'Cause every little thing gonna be all right."
...disse Jah.


Não sei quão interessante pode ser essa história, mas até agora, foi única pra mim.

No fim das contas, desconfiamos que na verdade, todo mundo só queria sair mais cedo do trabalho e se liberar de muita coisa nessa linda e ensolarada sexta-feira na linda Veneza brasileira.




" E o mundo não se acabou..."
Vamos a la playa?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

chuva, chuva... chove, chora chuva, chuvendo, chorando faíscas, chovidas, chove e chora chuva...chorando e chuvendo em cheio em mim... chove chuva, faz isso por mim.