quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz dia da confraternização universal




Feliz ano novo
no breque, na brahma
no lar ou na lama
com cana ou champanhe
no mar, na macumba
no rumo ou na rumba
nas noites cariocas...
feliz ano novo
no corpo, nas docas
os ratos nas tocas
comprando os navios
no sarro ou no cio
no lado sombrio
no fio da navalha
feliz ano novo
cantando ou calada no blue
na balada com a boca na trombeta
no grito, na greta, no gol
na mutreta atrás de gente fina...
feliz ano novo
no sono ou na sina
no chão, na chacina
nos casos de polícia
na velha ferida
no pé, na partida
no ronco da cuíca
feliz ano novo
na massa ou no muque
no bar, no batuque
nos corações vadios
com festa ou sem festa
na luta indigesta
nos fogos de artifício
feliz ano novo
cantando ou calada no blue
na balada com a boca na trombeta
no grito, na greta, no gol
na mutreta atrás de gente fina...

Feliz Ano Novo, Egberto Gismonti



Feliz ano novo.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Voces inocentes - Cenas preferidas

O filme é repleto de belas cenas.
Que são compostas por uma fotografia lindíssima, uma triha sonora mais linda ainda,
uma paisagem não menos adequada e atores exatamente enquadrados aos personagens.

Cena preferida 1.

Numa mesa na casa de Chava, conversam, Kella (mãe de chava) e o tio de Chava q agora não lembro o nome (esse tio dele era guerrilheiro socialista). De repente começa um tiroteio entre soldados e camponeses e eles se escondem das balas no chão.
tds deseperados até q escutam um grito da vizinha. O tio de Chava vai lá para ver o que houve e chava vai atrás dele. Chegando lá, encontram Virgínia, de 12 anos deitada nos braços da mãe morrendo. O tio de chava pede pra que ele segure um pano no local do tiro para que o sangue pare. Mas não adianta. E a menina morre. Chava fica totalmente consternado.
Os dois voltam (ainda em meio aos tiros) para sua casa junto de Kella e os irmão de chava.
Quando dizem que virginia morreu todos choram e chava ainda em estaod de choque olha para o inatingível deixando que lágrimas lhe escorram na face. Desviando dos tiros o tio de chava pega seu violão e começa a tocar uma música...Kella, pede para que ele pare de tocar essa música.
A música era "Casas de cartón" (Símbolo da guerrilha salvadorenha que havia sido proibida)

A música dizia:
"Que triste, se oye la lluvia
en los techos de carton
que triste vive mi gente
en las casas de carton.
Viene bajando el obrero
casi arrastrando sus pasos
por el peso del sufrir
mira que es mucho el sufrir
mira que pesa el sufrir
Arriba deja la mujer preñada
abajo esta la ciudad
y se pierde en su maraña
hoy es lo mismo que ayer
es un mundo sin mañana.
Que triste, se oye la lluvia
en los techos de carton
que triste vive mi gente
en las casas de carton.
Niños color de mi tierra
con sus mismas cicatrices
millonarios de lombrices y,
por eso que tristes viven los niños
en las casas de carton
Que triste, se oye la lluvia
en los techos de carton
que triste vive mi gente
en las casas de carton.
Usted no lo va a creer
pero hay escuelas de perros
y les dan educacion
pa`que no muerdan los diarios
pero el patron
hace años muchos años
que esta mordiendo al obrero
Que triste, se oye la lluvia
en los techos de carton
que lejos, pasa una esperanza
en las casas de carton."

...

Kella acalanta Ricardinho de 4 anos nos braços, ele já não chorava mais.
Chava e o tio deitam no chão, e cantando, olham através de um buraco no telhado da casa, a chuva que impiedosamente cai nos tetos de papelão e se misturam às lágrimas que caem dos rostos de todos naquele momento.
Os tiros continuam.

-
Essa cena sem a chuva não seria a mesma. Ainda que houvesse uma orquestra executando a música.

Voces inocentes - 2004 - Mex.

Voces Inocentes - 2004 - (México).
Diretor: Luis Mandoki

Anos 80, El Salvador.
chava, um garoto de 11 anos vê seu pai sair de casa deixando sua mãe sozinha para cuidar de 3 filhosem meio a uma guerra civil entre governo e camponeses,em torno da reforma agrária que durou 12 anos.

A família de chava, (assim como as outras) vivia em "casas de cartón", como diz a música tema dofilme, "casas de cartón" cantada às escondidas pelo tio de Chava, o qual era guerrilheiro, e tocada também na rádio "Venceremos"(Essa música foi o símbolo da guerrilha salvadorenha e foi proibida de ser executada).
A comunidade era como pode-se imaginar muito pobre e muito pouco tinha para sobreviver.Chava se viu obrigado a ajudar sua mãe, arrumando um emprego.
O garoto vive entre o "emprego", a escola, sua casa e os momentos de diversão com seus amigos.Em meio à essa vida ele tem que saber lhe dar com a miséria, a violência constante, tiros

todo o tempo e como medo.
O exército (os EUA enviaram mais de 1 milhão de dólares em ajuda militar, além de militares para aprimorar o treinamento do exército salvadorenho e de suas crianças) recrutava meninos quando os mesmos completavam 12 anos.Chegavam nas escolas e dali mesmo já levavam para o treinamento, muitas vezes aos chorosos meninos iam.

Um dia Chava viu seu amigo ser levado da escola por soldados, e ele tinha apenas 10 anos.
Chava via o padre ser maltratado pelos soldados quando tentava fazer alguma coisa por quem precisava.

Chava via meninas serem levadas aos soldados para serem "mortas".
Chava via balas deslizarem ao seu lado ao mesmo instante que ouvia os gritosde desepero de seu irmão de 4 anos quando se escondiam das balas debaixo da cama.
Chava viu sua vizinha de 12 anos morrer nos seus braços sem poder fazer nada,apenas ficou lá, inerte vendo a menina definhar pouco a pouco sob os lamentos incontestáveis de sua mãe o sangue que lhe brotava na pele.
Chava viu Cristina Maria e se apaixonou.
Chava viu balões coloridos dispersos no ar, ao lado de Cristina Maria numa noite sem tiros.
Chava viu o sorriso mais lindo no rosto de Cristina Maria quando fez uma serenata para ela.
Chava viu a casa dela destruída.
Chava viu o lenço dela nos escombros da casa e viu comoera fraco aos chorar, viu o lenço dela ir embora junto com o rádio - que muitas vezes o fez ficar feliz quando ouvia a música "casas de cartón"-.
Viu o lenço e o rádio irem juntos rumo ao desconhecido, para longe dele.
Viu sua casa pegando fogo, viu seu amigo de 10 anos com uma arma na mão matando seus outros amigos, viu dois de seus melhores amigos serem mortos ao seu lado por soldados.
Chava viu e contou 230 mil estrelas numa noite com seus amigos nos telhados das "casas de cartón" enquanto se escondia do recrutamento.

No fim, Chava se viu obrigado a fugir para os EUA.
8 anos depois, ele voltou.

A Guerra Civil durou 12 anos, morreram mais de 75 mil pessoas.
Esse filme é baseado foi baseado na infância do roteirista Oscar Torres (Chava),ele dedica o filme aos seus amigos que foram mortos na guerra.

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Fotografia é linda, sempre aquela coisa meio sombria, obscura pelachuva que tá sempre presente, pra dar mais ainda aquela forte carga emocional.Trilha sonora não tenho muito o que falar... Mas a música "casas de cartón"caiu perfeitamente na cena que ela foi colocada. Perfeitamente mesmo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Feliz Natal - de Selton Mello


Um homem de meia idade na época de natal ( que é mostrada duramente como época de hipocresia, e eu cocordo com isso) faz uma tentativa (frustrada) de
reaproximação com sua "família", e tentar talvez
com isso espantar de vez os fantasmas do seu passado.é um cara que leva a vida meio lá meio cá e que tem uma família totalmente desestruturada;um pai que o odeia, uma mãe depressiva e quase "louca", um irmão q tem um casamento que está aos
pedaços, e dois sobrinhos que crescem de forma inevitável, nesse ambiente ensurdecedor de tão gritante por ajuda.

O filme foi muito esperado por mim, confesso.Mas confesso tambem que foi decepcionante.Esperava tão mais dele...Não que o que eu esperasse fosse um filme de humor, ondeele reproduziria em seus atores os resquícios dos trejeitosdo Chicó, por exemplo. Não, não era isso.Mas depois de ver alguns curtas dele e depois de ver O cheiro do ralo, dava pra esperar bem mais.O tema não foi tão supreendente, e sim a pouca profundidade.Tudo bem que, como ele mesmo disse; "era pra ser um filme forte, carregadode emoções, onde elas deveriam ser escrachadamente mostradas", mas isso ñ quer dizer que também pudesse ter um pouco mais de vigor.

E por falar em vigor, nada foi melhor do que ver Darlene Glória tão vigorosa naquela tela de cinema.Nada melhor pra mim q pouquíssimas vezes tive a oportunidadede vê-la em "cena".Acho que não existia ninguém melhor para tal papel;uma mulher, depressiva, entregue à remédios e ao álcool,que muitas vezes tem espécies de surtos. [A cena que ela dança sozinha no quarto e depois se suja de batom e lápis de olho, se derrama no chão como uma derrotada em profundo êxtase, é de provocar uma comoção espontânea. ]
a atuação da darlene glória (a eterna Geni) remete muitoaos filmes de cassavetes; pele, suor, as melhores expressõese uma realidade visceral e angustiante.Aliás, acho que o Selton bebeu até demais na fonte do Cassavetes.É tudo tão próximo dele...Onde toda a angústia do mundo transborda pela tela,e vc é capaz de até adentrar em todas aquelas cenas onde a câmera parece penetrar na pele dos atores, de tão perto que stá,e seguir a linha nada reta que a mesma faz, deslizando no ir e vir de cada um.
DO jeito que ele mostra todas as dores mais íntimas dos personagens, de uma forma nua e crua, é inevitável não nos remetermos à Cassavetes.

Outra coisa... essa história de "dramas familiares", de famíliasdespedaçadas, destruídas, detonadas, destroçadas já tá um "Tema"um tanto quanto batido" ao meu ver.Mas, é sim, um tema bem interessante de se trabalhar, onde as possibilidades de explorar o msm é indimensional.E por falar nisso, ele poderia ter desenvolvido bem mais a históriae quem sabe até ser menos "cassavetiano".

Esse filme me lembrou muito, de cara, outro;La dernier des foutes - O último dos loucos.Perfeito. Mas esse é outra história...depois falo dele.A mesma temática é desenvolvida em ambos, sendo o segundo bem mais visceral.

No mais, a fotografia é linda.
A trilha também, muito linda.
das cenas mais tensas tiveram outro ar com a trilha do Plínio Profeta.
Arrrasou.
E o elenco tá lindo, repleto de estrelas que brilharam no passado mas que mostraram que ainda estão bem vivas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

E agora?

E agora? faço o que?
Aqui não tem nada pra fazer.
Não tem pra onde ir.
Tédio da cebola!







terça-feira, 2 de dezembro de 2008

All we need is love



Pode parece demagogia demais dizer que tudo que nós precismos é amor.
Mas no fundo, no fundo, todos nós sabemos que essa é a única saída.
Seja ela demagógica ou não.
Utópica ou não,
é fato.
Precisamos sempre e cada vez mais de afeto.
Afeto para com todo e qualquer ser humano, planta, animal, coisa...
E quando falo "amor/afeto" não quero dizer de homen-mulher não, digo amor à todos e qualquer um.
Então, amen!
Porque sinceramente, eu acredito que tudo que precisamos é amor.
Façam suas partes.
Eu garanto que faço a minha.
Ame muitas coisas, porque em amar está a verdadeira força. Quem ama muito conquistará muito, e o que for feito com amor estará bem feito.
(Vincent Van Gogh)