terça-feira, 28 de outubro de 2008

Hold me

Finland by Valerio Adami




Sendo pois, dona do meu tempo, do meu trânsito e do meu sentir, me sinto no direito de guardar na memória cada abraço que dei e os que me deram, (e com esses guardo também o sorriso que do canto das bocas alheias escorregou para meu coração) como melhor forma demonstrável de afeto.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Mo.vida [ou] Ode ao movimento

Eadweard Muybridge 1884-1887

Ver-me em movimento, pela primeira vez ( e não pela última), foi um dia, aquele dia, algo “importante”; meu movimento, importante movimento. Esquisito movimento, belo (?) movimento. O movimento, a flexibilidade, a conotação das palavras daquela língua, a língua humana, que faz o movimento ser belo e esquisito ao mesmo tempo.
O movimento transferido de mim para ele por vias dispersas no ar, daqui até lá. O movimento como passos que sabem aonde ir nas ruas e esquinas sujas do desejo. O movimento como objeto antropológico de estudo, como objeto inerte e constantemente mutável na prateleira das receitas. O movimento que destrói e constrói ao mesmo tempo que rói e corrói tua vida. O movimento que é retido na retina psicótica do observador, que observa, e admirando (ou não) se sente indescritivelmente atraído por tal movimento. O movimento que desafia a gravidade, que é quase uma irrealidade e que não se deixa mentir. O movimento que passa, que foi agora, que perde suas escamas como um peixe que às mudas e as deixa irem. O movimento que não é efêmero, que é guardado secretamente na ‘caixa das memórias secretas’ do tal, o que fica, que se afirma. O movimento, explicáveis ou não, fracos ou não, coloridos ou não, justo ou não. O movimento de tudo que é vivo, e tudo que “é” morto. O movimento que vemos e que não vemos, que se passa enquanto morremos. Os movimentos periódicos, repetidos, inocentes por serem. O movimento como a via de revolução, como liberador de idéias, prestes à serem expulsas do nosso altar interior. O movimento cortante, que dissipa o tempo com navalha de revelia. O movimento como ato para atacar o inimigo, com pedaços de matéria ou pedaços de palavras. O movimento para atrair o outro, com palavras armadas, inocentes, ousadas e cheias de força, desejo. Movimentos interdependentes, de mim para (e com) você e de você para mim, sincronizados, os dois, se completando no movimento. O movimento do corpo uniformemente ajustado e reproduzido por dois. Pernas que se movimentam, lábios IDEM, desejo. O movimento do objeto de desejo. O movimento dos seus olhos, dos meus olhos, dirigidos pelo órgão – Mor em mim, em você. O movimento para chamar a atenção, de um corpo para outro. O movimento do relógio que nos mata à cada hora passada. O movimento dos órgãos que nos habitam, mas que à nós mesmos. O movimento do rio que atravessa aqui e ali, que nunca se repete que é constante e eternamente mutável. O movimento do lápis que é meu e ao mesmo tempo não é, feito por mim, de mim e que, no entanto, não é para mim. O movimento do sorriso que constrói ninhos inocentes em terras inimigas. O movimento do tempo nos desafia que é mais forte que nós e faz com que definhe-mos, ponto à ponto. O movimento das folhas e flores na natureza, resultado do secreto movimento das estações. Folhas caídas, flores nascidas. E tão desavisadamente quanto à verdade, o movimento se afirma, mergulhado em lagos profundos de emoções, ou não. E certeiro, o movimento que não foi, será. Será pintado com cores de esperança e pincéis tênues na boca e na alma. E será, não invencível, mas tão vigoroso que quase se materializar-se-á. Porque somente os inocentes criam vínculos com vagos movimentos. Criam, recriam e permanecem nesse movimento. Um movimento esperado, engraçado, esquisito e quiçá, belo.

À WM. 20/10/08


Roxo, amarelo e branco.

- The Afterglow by John Thomson Dunningm

Sabe quando te dá uma vontade louca desvairada de escrever alguma coisa?(seja por que você ta num momento “bom”, seja porque você ta com “aquela idéia” na cabeça, ou seja, por que você não tem o que fazer mesmo). Pois é, sou eu agora.Queria escrever uma carta... Mas não tenho à quem mandar.Cá estou eu aqui no NACC, são 16h43min do dia 11/09/08, quinta-feira. A biblioteca está vazia, as crianças foram para um parque de diversões. Só ficaram algumas. As quais estão lanchando agora. Um vazio gritante na sala... O rádio toca “Menos abandonado” do Cazuza... “migalhas e restos, me interessam (...) só um pouquinho de atenção, pra um menor abandonado...!”.Acho que realmente preciso de um pouco de atenção nesse momento (não que isso seja ruim). Ou melhor; preciso de uma companhia. A solidão não é pra mim, essa solidão física que me deixa agudamente triste, consternada, com uma vontade de fazer mil coisas... sair, falar com alguém... Enfim... Isso ta parecendo que eu to depressiva; mas não é isso não... é só tédio, que eu tento preencher .. torna-lo de alguma forma produtivo. Eu sei; to numa biblioteca, deveria pegar um livro e ler. Mas já li demais por hoje e meu limite de “concentração/dia” já chegou ao fim. Preciso mesmo é interagir com outro ser humano, me sentir comunicativa...(...)Veja você, (mas, quem é “você”??) que contradição... acabei de dizer que não conseguia me concentrar mais por hoje e estou escrevendo, me concentrando!! (involuntariamente, porém...) Não entendo... deve ser um “tipo” diferente de concentração, né?
(...)
Essa hora (fim de tarde) é sempre, sempre mesmo, uma hora triste, melancólica... Agora imagine a cena;Estou na biblioteca, sozinha, em frente à gigantes janelas de vidro, do 12° andar, vendo o sol se por entre um prédio e outro, escutando Tim Maia cantar... “Me dê motivos, pra ir embora...” A luz que emana do sol agora deixa tudo amarelado, com um tom saturado, como uma fotografia para um filme que se passa na África; sempre “super saturado”, para dar aquela “cor de falta de esperança”... Sei lá. Enfim, acho tudo isso muito triste... Esse conjunto, que quase se faz real em um quadro impressionista imaginário aqui na minha cabeça.E essa música então... Não que eu tenha alguém para cantar “me dê motivos...” ;mas é que ele canta de uma forma tão depressiva, como um trovão de sentimentos! Por falar nisso; no campo sentimental, estou ótima!!! Sem ninguém “pra pensar”... Estranho eu gostar de pensar assim hoje em dia, mas... Is the life, baby!
O ruim só é ver no cinema aquela história linda e olhar do lado e vê que está só. Literalmente. Por falar nisso, tenho ido muito ao cinema sozinha... Estarei eu, ficando anti-social? Acho que não. Agora por exemplo queria alguém para conversar que não fosse essa folha branca e esse lápis roxo da Faber Castell (Por falar em ‘faber castell’, fiquei sabendo um dia desses que ‘faber castell’ em alemão significa “castelo colorido”. Criativo, não?), por ser ele o único disponível no momento.Agora a folha ta acabando com a seguinte trilha no fundo: “e tudo pode terminar assim, como num filme bom”. E é mesmo...Já chega; vou ver a vida e as horas se escorrerem do alto do céu para o horizonte rumo à um lugar desconhecido (onde tudo deve ser amarelo também) e passar o tempo que me resta aqui nessa janela (também) amarela do 12° andar, que não é amarelo; é roxo, como a cor do lápis e da minha letra que agora encerro esse testemunho de vida e (des)prazer. Roxos, amarelos e brancos, deixaram por fim minha tarde colorida.

Por fim ;

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

VMB - 2008


Para começar, Bloc Party fez feio. Fez muito feio...
E receberam no fim uma belo, sarcástico e MUITO bem merecido
“quem sabe faz ao vivo” do Mion e outras tão bem merecidas vais do público.
Confesso que era o show que eu mais esperava, e no entanto fez tão feio.

Segundo detalhe da noite do VMB;
Creio que estamos sentenciados à ter bandas emos no VMB pra sempre.
Incrível como isso [leia-se os emos] vem se mantendo na linha de frente de todos os prêmios aos quais concorriam. Com licença do uso da palavra já usada por Mion; Isso ta parecendo uma ditadura.
Teve uma banda emo que ganhou um mooonte de prêmios (é uma dessas emos; não sei se frresno ou nx zero)!
Até o prêmio do “Vc fez”, saiu pra um clipe emo. Dá licença, ae...
Essa modinha tá (ainda? Sim...) foda, viu?
Mas o pior foi um carinha da “banda emo da noite” dizer:
“- EMO É O CARALHO!!”
Foi triste para a classe deles...

Terceiro ( e não menos importante) detalhe;
Onde estão os prêmios para a Mallu Magalhães????
Goste vc ou não da garota, ele foi e tá sendo uma puta revelação e ainda acho que esse
Ano foi dela (e não da banda emo)!! E no entanto, (novamente) os emos levaram os prêmios dela...
*Comentário-básico-feminino: Que vestido lindo era aquele? Tava linda ! Parecia uma bonequinha! Mais mocinha do que nunca...

Quarto detalhe (só pra constar);
O artista internacional me surpreendeu;
Amy Winehouse não ganhou???? Como assim????? Injuuuustoooo!!
Mas vejamos bem, tinha banda neo-emos na área; Paramore (essa banda é o fim-da-picada...) Então; já era.
Nossa decadente (mas com estilo, como diria Júpiter) lady, dançou.
(Ela tb devia tá muito interessada no prêmio...)

Por último vem o comentário de Mion no fim do show do fresno e xitãozinho e xororó:
“- E quem diria que eles usariam as mesmas calças...”
[Referindo-se as calças empacotadas à vácuo naquelas pessoas....]

E no fim de tudo eu continuo achando que os EMOS compraram a MTV
(Ou comprarão...). Afinal, “emo é o caralho”, não é mesmo?

PS. Não é por nada não, mas o Adnet A R R A S A. .