segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Supercordas

Estradas de açafrão,
aos montes sobem,
e eu só flutuo ao som de uma fuga rasteira
e agora o que restou?
sonhos nublados


Eu sonhando sobre o tapete,
das lilases pétalas de céu


(3000 fohas - Supercordas)





Eu sempre achei que Supercordas havia se "inspirado" nessas imagens do Magritte. Não é possivel... ou é.
Mas se Magrite fez Attempting the impossible e torna "possível" o que já não era, isso não é tão impossível assim.

Supercordas eu conheci há mais ou menos 5 anos. Desde o início o que me impressiona é a simplicidade tão psicodelica das letras, que tratam de temas tão diferentes... Ainda não vi coisa parecida na musica de hoje em dia aqui no Brasil. Fazem o que chamam de ruradélica (inclusive, esse é também o nome de uma música muito divertida deles!!!!).

Lembro muito bem da primeira musica deles que ouvi e fiquei IMPRESSIONADA (ok...tinha apenas 16 anos..rss). Diz assim:
Eu acordo sempre com disposição,
mas já de manhã o teto
cai no chão
e aos poucos você muda de cor
e logo foge pelo escorregador
você não passa de uma pedra,
com limo

(Câncer - Supercordas)


fica um vídeo da musica 3000 folhas. Lindo :)


sábado, 28 de novembro de 2009

Eu ando tão down

Todo mundo já teve a puta vontade de deixar tudo e todos e fugir pra qualquer lugar do mundo bem longe, onde nada ainda te fez mal.
Esquecer um monte de coisa que não faz bem.
Fazer de conta, que a vida vai começar novamente, sem laços passados.
Só o laço futuro com a única pessoa que se confia nessas horas de "desespero".
E mais niinguém. Chega de família, chega de amigos, chega das situações tão constantes.

Sei que todo mundo já sentiu isso, o problema é a frequência e a intensidade que isso tem acontecido comigo.

Mas aí a gente foge pra um mundo particular e começa a formar desenhos nas nuvens tentar descobrir mais estrelas no céu. Até fecharmos os olhos, senti que já não há mais lágrimas e tudo volta ao normal. Como em um ciclo.

Hon.duras

E da forma que ainda se encontra Honduras, tem gente bonita que chega com coragem pra dizer que vai pedira apoio ao Brasil e "ficar de bem" caso ganhe as eleições.
Só tem gente besta por aí.

E ainda por cima, vem Obama com seu nobel da "paz" debaixo do braço dizendo que legitimar tais eleições agora é a oportunidade de ter novamente a "paz" em Honduras.
Que ingenuidade a desse cidadão!
Vai que é porque ele não é Sudaca...

Mas enfim, ainda há tempo. Espera-se que algo seja feito.
América Latina parece que leva mesmo esse karma dos infernos!
Sei não viu.

Muito curiosa pra saber no que vai dá.

Charge clichê, mas dá pra ser. Do Ronaldo

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Em dias nublados, ao fim da tarde, algumas músicas me fazem chorar e escrever certas coisas tristes , sem nexo algum e que me deixam com pena de mim.


(Não que eu goste de ter pena de mim... Mas as vezes é inevitável).
Francesca Woodman em suas imagens muitas vezes traduz tudo isso, sem precisar de uma letrinha sequer!
Simples e Objetiva.

domingo, 22 de novembro de 2009

dia 20/11



O que a abolição não aboliu
Que o dia que passou, com atos ou sem atos, sirva para incentivar uma mínima reflexão e consciência negra crítica.
E que não seja apenas nesse dia que se faça pensar em tal problemática.


Fica minha profunda admiração às mulheres, em especial às mães, angolanas, que quanto mais a gente "conhece", mais a gente admira.

Fotos do Sérgio Guerra

Teço incansável

os fios do meu cesto

enquanto dedos ágeis

traçam

sem fim

os fios

do meu cabelo

assim

repetimos

sem querenem pensar

os gestos

das mãos invisíveis

que entre murmúrios

e ventos

do outro mundo

nos traçam

e tecem

a morte

e a vida

Poema de José Mena Abrantes

(Jornalista, escritor e dramaturgo angolano)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Decompondo

Letras caindo, uma a uma. Letras do início ao fim, letras.
desconcstrução de palavras
desconstrução de frases, versos, poemas
poemas inteiross
letras caindo sobre meu cabelo, sobre meus braços,sobre meu colo
letras caindo sobre minha roupa, minhas idéias.
Meus sapatos, cheios de letras, pisando em letras (!).
letras, letras, milhares delas.
são agora, apenas letras no chão.
Resultado da decomposição de frases, versos, poemas, poemas interios.
são agora, letras dispersas no chão.
Me cai letra por letra:
L, E, V, A, S, N. A, C, N, I,
para forma por uma só palavras: incansável.
incasável as letras tecen a rede de sentidos perdidos no chão.
Já estão sem acento e sem razão.
palavras essas que até chegaram no chão,
passam por meus olhos,
como que uma cortina de letras tecidas com o ar,
me caissem diante os olhos
e eu fecho os olhos para imaginar frases se compondo
nesse decomposto cenário de letras perdidas e mais nada.
Letras que me fazem fazer versos dadaístas no painel amarelo,
cor da áfrica, versos que dizem
"a terra arde"
"na água nua"
palavras dispersas;
ventar, tecer, sagacidade. sem noção.
Descontrui essa tarde, poemas vicerias sobre as mães angolanas,
destrui os mais belos versos do fernando abrantes,
destrui o sentido do composto.
Perdi o sentido das palavras alheias
e as reencontrei em meu corpo,
formadas de forma incansável letra a letra no meu corpo.

Mas inevitavelmente, tudo agora, é nada mais que letras no chão.

É isso o fim de uma exposição.

jogando no verso


Dia normal, tudo legal
Noite longa, e só Macalé aos berros da unica Gal que eu acho legal, pode me salvar nessa hora.
Que entre esse morceço da porta principal!



Não choro, meu segredo é que sou, rapaz esforçado. Fico parado, calado, quieto, não corro, não choro, não converso, massacro meu medo, mascaro minha dor, já sei sofrer.
Não preciso de gente que me oriente, se você me pergunta "como vai?", respondo sempre igual, "tudo legal". mas quando você vai embora movo meu rosto no espelho, minha alma chora, vejo o Rio de Janeiro... Comovo, não salvo, não mudo meu sujo olho vermelho, não fico calado, não fico parado, não fico quieto, corro, choro, coverso, e tudo mais jogo num verso intitulado
mal secreto.





terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nunca disse

Eu falava, falava, falava...
(como raramente faço)
contava fatos, dava opiniões (!), dividia histórias;
e no entanto, falava sozinha.
E quando eu comento sobre meu monólogo tardio,
por fim, ela me fala algo e diz;
"Tu é muito carente... puta que pariu!"
Mais nada.

Ok...Novamente vou apenas me contar as coisas, minhas coisas, meus segredos.
Vou deixar tudo de mim, para mim mesma;
até me preencher de carinho próprio, histórias tristes e felizes, sorrisos, angústias...

Afinal, isso só interessa aos carentes;
(carentes de carinhos, afetos, palavras, sorrisos...?)
e se eu estou nesse barco; azar o meu!
No entanto, não é por isso que vou afundar.

E ainda sim, perdão; mas nunca disse que não era carente....


Maya Deren

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Abrazable




imagino tu alma desnuda
nadando entre frutas
y tratando de escapar
ves a la luna
y cedes ante la fuerza de la marea
que ahora te arropa como si fueras una niña





Com amor,

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

El Fin


havia um eclipse, que cantado por João Gilberto,
roubava meus dias de verão.
Mas por fim, o sol voltou, e a lua ficou apenas no peito e no coração da pessoa amada.
Quem me trouxe o verão pelo primeira vez, me devolveu.
Ainda é verão coração (e sempre será)!!
e nessas épocas, os corações se inflamam.


domingo, 8 de novembro de 2009

Mil perdões

Peço apenas que não esqueça do verão, do tempo de sol
que há tão pouco chegou pra ficar.
Peço que não esqueça de me ver no seu teto, de me ler na esquina de sua cama,
Só peço que não esqueça daquela noite na Tunísia,
da desorganização dos meus cabelos, das suas palavras en tinta china sobre meu corpo,
Só peço que não esqueça das libélulas, da lua, das estrelas, das valsas
peço que não esqueça de me ler seu livro antes de dormir,
Só peço que não esqueça dos lugares por ir; Tibet, India, Angola, Japão...
peço que não esqueça de me amar desde sua janela,
Só peço que não esqueça Luiza e René.
Não esqueça da sinfonia que leva meu nome, da tonada que você sempre se lembra
Não esqueça dos sonhos, dos planos, de tudo que há de vir.
Não esqueça de permanecer ao meu lado, my funny valentine,
Não esqueça que El amor en verano comienza.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mostra de Cinema e diretos humanos na América do Sul


Quarta edição da Mostra, e os filmes estão cada vez melhor...!!!

Dos poucos que eu vi, muitos me surpreenderam!!


"Nunca más!!! Cochabamba", do Roberto Alem, Bolívia, foi um dos que pouco esperava...

Apesar de um pouco longo, cada minuto se fez relevante e prendia nossa atenção a ponto de não notarmos o tempo passar. E daqueles filmes que mexe com você... Cenas que se via um Indio "Cocalero" ser cruelmente humilhado pelos "civilizados" de merda da cidade-centro de conflito... é degradante ver até que ponto o irracionalidade humana pode chegar. No fim, a gente fica com o caração na mão e com os sentidos a flor da pele...

Outro muito bom, foi o "Dayuma nunca más", do Roberto Aguire Andrade, do Equador.
Talvez tenha sido os 30 minutos mais bem aproveitados! Novamente daqueles filmes que faz a gente ficar estasiada com tanta coisa brutal... Militares espancando e prendendo inocentes (teoricamente acusados de greve, greve essa com devidas razões) e se reclamando: "por culpa de vocês ainda não estamos de férias!! poderiamos estar descansando e estamos aqui, tendo que perder nosso tempo com vocês delinquentes". Puta que pariu...! Quasse esmagam um jovem!!!
Ja estavam a ponto de colocar ele preso nos trilhos do trem para que o esmagasse, quando sua mãe chegou e desesperadamente conseguio com que ele não fosse esmagado daquela forma, mas impossivel evitar dele ser preso. Outra prisão foi a de um pai de família, que trabalhava de padeiro para sustentar sua família... a mãe, com mais 3 filhos, entre eles um recén nascido, passou fome e quase foi despejada do barraco de onde morava por 3 messes, quando seu marido estava preso, indevidamente, diga-se de passagem.
Isso dói no coração de quem sente todas aquelas lagrimas que parecem inundar a sala de cinema e chegam até os olhos de todos...

O mais cansatico que vi, foi o "Sentidos a flor da pele", do Evaldo Mocarzel, Brasil...Muitooo longo! Mesmas historias.... Mas a ultima cena, foi linda. Quase que o filme faz 2x1 comigo no filnal... mas não.

Outro que não esperava muita coisa, era o peruano, "No se lo digas a nadie", do Francisco Lombardi. Filme com ritmo legal, uma tensão que quase me enlouquece!!, apesar da fotografia toscaaaaaaaa, bonito de se vê! E no fim, o moço do filme, não se rende! o/




Sentidos a flor de pele