quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Roxo, amarelo e branco.

- The Afterglow by John Thomson Dunningm

Sabe quando te dá uma vontade louca desvairada de escrever alguma coisa?(seja por que você ta num momento “bom”, seja porque você ta com “aquela idéia” na cabeça, ou seja, por que você não tem o que fazer mesmo). Pois é, sou eu agora.Queria escrever uma carta... Mas não tenho à quem mandar.Cá estou eu aqui no NACC, são 16h43min do dia 11/09/08, quinta-feira. A biblioteca está vazia, as crianças foram para um parque de diversões. Só ficaram algumas. As quais estão lanchando agora. Um vazio gritante na sala... O rádio toca “Menos abandonado” do Cazuza... “migalhas e restos, me interessam (...) só um pouquinho de atenção, pra um menor abandonado...!”.Acho que realmente preciso de um pouco de atenção nesse momento (não que isso seja ruim). Ou melhor; preciso de uma companhia. A solidão não é pra mim, essa solidão física que me deixa agudamente triste, consternada, com uma vontade de fazer mil coisas... sair, falar com alguém... Enfim... Isso ta parecendo que eu to depressiva; mas não é isso não... é só tédio, que eu tento preencher .. torna-lo de alguma forma produtivo. Eu sei; to numa biblioteca, deveria pegar um livro e ler. Mas já li demais por hoje e meu limite de “concentração/dia” já chegou ao fim. Preciso mesmo é interagir com outro ser humano, me sentir comunicativa...(...)Veja você, (mas, quem é “você”??) que contradição... acabei de dizer que não conseguia me concentrar mais por hoje e estou escrevendo, me concentrando!! (involuntariamente, porém...) Não entendo... deve ser um “tipo” diferente de concentração, né?
(...)
Essa hora (fim de tarde) é sempre, sempre mesmo, uma hora triste, melancólica... Agora imagine a cena;Estou na biblioteca, sozinha, em frente à gigantes janelas de vidro, do 12° andar, vendo o sol se por entre um prédio e outro, escutando Tim Maia cantar... “Me dê motivos, pra ir embora...” A luz que emana do sol agora deixa tudo amarelado, com um tom saturado, como uma fotografia para um filme que se passa na África; sempre “super saturado”, para dar aquela “cor de falta de esperança”... Sei lá. Enfim, acho tudo isso muito triste... Esse conjunto, que quase se faz real em um quadro impressionista imaginário aqui na minha cabeça.E essa música então... Não que eu tenha alguém para cantar “me dê motivos...” ;mas é que ele canta de uma forma tão depressiva, como um trovão de sentimentos! Por falar nisso; no campo sentimental, estou ótima!!! Sem ninguém “pra pensar”... Estranho eu gostar de pensar assim hoje em dia, mas... Is the life, baby!
O ruim só é ver no cinema aquela história linda e olhar do lado e vê que está só. Literalmente. Por falar nisso, tenho ido muito ao cinema sozinha... Estarei eu, ficando anti-social? Acho que não. Agora por exemplo queria alguém para conversar que não fosse essa folha branca e esse lápis roxo da Faber Castell (Por falar em ‘faber castell’, fiquei sabendo um dia desses que ‘faber castell’ em alemão significa “castelo colorido”. Criativo, não?), por ser ele o único disponível no momento.Agora a folha ta acabando com a seguinte trilha no fundo: “e tudo pode terminar assim, como num filme bom”. E é mesmo...Já chega; vou ver a vida e as horas se escorrerem do alto do céu para o horizonte rumo à um lugar desconhecido (onde tudo deve ser amarelo também) e passar o tempo que me resta aqui nessa janela (também) amarela do 12° andar, que não é amarelo; é roxo, como a cor do lápis e da minha letra que agora encerro esse testemunho de vida e (des)prazer. Roxos, amarelos e brancos, deixaram por fim minha tarde colorida.

Por fim ;

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