quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dizendo

Não sei se o que vou dizer agora, se diz; mas hoje senti vontade de tirar de mim essa coisa que faz a gente amar as pessoas. Essa necessidade de amar e ser amado, é tão cruel que nos reduz à uma pessoa, e ao mesmo tempo nos faz sentir a maior pessoa do mundo. E o intervalo entre esses extremos, pode nos enlouquecer.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Por E. Galeano.

El hambre desayuna miedo.
El miedo al silencio aturde las calles. El miedo amenaza.
Si usted ama, tendrá sida.
Si fuma, tendrá cancer.
Si respira, tendrá contaminación.
Si bebe, tendrá accidentes.
Si come, tendrá colesterol.
Si habla, tendrá desempleo.
Si camina, tendrá violencia.
Si piensa, tendrá angustia.
Si duda, tendrá locura.
Si siente, tendrá soledad.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A autoridade


Por Eduardo Galeano

Em épocas remotas, as mulheres se sentavam na proa das canoas e os homens na popa. As mulheres caçavam e pescavam. Elas saíam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam. Os homens montavam as choças, preparavam a comida, mantinham acesas as fogueiras contra o frio, cuidavam dos filhos e curtiam as peles de abrigo.
Assim era a vida entre os índios Onas e Yaganes, na Terra do Fogo, até que um dia os homens mataram as mulheres e puseram as máscaras que as mulheres tinham inventado para aterrorizá-los. Somente as meninas récem-nascidas se salvaram do extermínio. Enquanto elas cresciam, os assassinos lhes diziam e repetiam que servir aos homens era seu destino. Elas acreditaram. Também suas filhas e as filhas de suas filhas.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Não tem palavra que dê conta da aflição que sinto agora. Vida suspensa no ar. Nada parece fazer sentido e o sentido preciso estar presente. Descobri que sou filha da Lua e que não sei como lidar com isso a meu favor. Vontade desesperada de algo que não o que é. Não sei por onde começar, se é que algo deve começar, recomeçar, terminar...

Essa angústia me dá arrepios e posso arrancar minha pele por conta própria.