segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Uns diriam preguiçosa


Não quero uma casa confortável pra morar, nao quero ter pra onde voltar nem porto seguro demais pra me segurar mais do que o meu tempo me permite. Não quero as horas atras de um vidro, pulsando e me controlando, quero as horas que se escondem na forma de que o vento levanta a areia na praia, quero as horas presas no imperdível minuto de cada crepúsculo; quero descobrir a hora dentro dos crepúsculos, dentro de cada um deles. Quero todos os crepúsculos, a toda e qualquer hora.
Quero acompanhar o tecer de uma teia, tecendo teias de pensamentos, úteis, inúteis, desmedidos, dentro e fora das horas. Quero dar boas vindas ao sol, a primavera, aprender a lidar com o outono e com o inverno, saber reconhecer neles, meu tempo. 

Quero redescobrir a beleza de encontrar beleza em tudo, a todo momento, quero aproveitar cada segundo de todas as belezas e dentro delas descobrir novas horas, recalcular minutos e aumentar os segundos. So quero que meu tempo seja meu, e não me importa ter que abrir mão daquele maldito contador de horas que me faz despertar toda manhã, fora de meu tempo e contra meu tempo. Quero que as horas dentro de cada contador, explodam em suas caras, arranquem seus olhos, minuto a minuto, quero que os ponteiros entre por suas narinas e percorra todas as suas veias, rasgando-as suavemente. Quero todo o desespero possivel corroendo seu cérebro, derretendo suas paupérrimas curvas cerebrais. Quero que esse contador te destrua por dentro e por fora, quero que ele coma suas felicidades, seus crepúsculos, quero que ele coma toda a areia de sua praia. Quero que ele arranque suas unhas, corte seus dedos, te deixe jorrando sangue até em pensamento.
Quero a completa destruição de todas suas horas, vividas e por viver. Quero o caos instalado nesse contador.
Quero que voce perca cada vez mais e mais, esse tempo que já nã é seu (já nascemos sob a navalha do tempo), aliás, que nunca foi seu, mas que te consome agressivamente.

Quero devolver ao pombo que acabo de ver morto, as horas nao vividas da primavera, que se inicia essa semana. Quero que de suas asas, surgam garras, para que assim se agarre no tempo que há dentro de cada um de nós, um tempo próprio, que nos torna imortais perante o tempo real, perante a ordem do caos.

Quero de volta cada minuto perdido na frente desse computador, enquanto lá fora incontáveis gotas caem no chão, fazendo sempre "ploft-ploft". E a gente aqui dentro, chovendo por dentro enquanto se quer estar na chuva do lado de fora pra arrancar de dentro essa chuva que só faz me resfriar.

t i c ....................................................t a c

basta um instante e voce ja perdeu tempo o bastante entre o "quero" e o "não quero".

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